Metodologias Ativas
Os modelos de ensino têm sido revisados seja a partir das recentes inovações tecnológicas no campo da Educação (Zabala; Arnau, 2010; Bacich; Moran, 2018), seja a partir da necessidade de repensar epistemológica e culturalmente os campos formativos, como o da Educação Profissional e Tecnológica, por exemplo (Barato,2004, 2015; Allain; Gruber; Wollinger, 2020). O ensino chamado de tradicional coloca o aluno como um ouvinte passivo, recebendo informações do professor a partir deaulas expositivas e reenviando a uma ênfase naforma declarativa do conhecimento, como diz Barato (2004), ou predicativa, para retomar a expressão de Vergnaud (1999). Pensando desta forma, o conhecimento se torna, do ponto de vista educacional, um patrimônio e o ensino um processo de transmissão desse patrimônio.
No parecer de Vergnaud, a didática estuda cada uma das etapas do ato de aprendizagem e evidencia a importância do papel do docente, como mediador entre o estudante e o saber. Da epistemologia das disciplinas até os avanços da psicologia cognitiva, é o conjunto do processo de construção da relação com o saber que é analisado. No processo de apropriação e de domínio dos conhecimentos, os saberes- fazeres têm uma importância essencial. A ênfase colocada nas competências hoje, nas empresas e no sistema educacional e de formação, significa que a forma operatória do conhecimento, aquela que é mobilizada em situação de trabalho, em situação de resolução de problema, ou frente a um acontecimento imprevisto, é o critério verdadeiro do conhecimento.
A aprendizagem por meio da transmissão de conteúdo é importante, mas a aprendizagem ativa pressupõe a necessidade imperativa de uma construção pelo sujeito do conhecimento pela experiência, pela atividade, por meio de situações, provocando-lhe descobertas e questionamentos que podem levar à aprendizagem, para que possa haver desenvolvimento (Pastré, 2011). Segundo Vergnaud, a questão da relação com o saber não pode ser bem analisada se não for posta a questão do valor operatório desse saber. Oferecer ao aluno a possibilidade de agir no processo de aprendizagem tem se mostrado mais relevante, contribuindo para uma incorporação mais profunda do conhecimento, transformando as aulas emexperiências vivas de aprendizagem, conforme sustentado por Cunha (1993),Anastasiou e Alves (2009), Veludo de Oliveira et. al., (2014), Wood Junior e Cruz (2014), Barato, Correa e Lourenço (2015) e Bacich e Moran (2018).
As metodologias ativas são estratégias de ensino que têm por objetivo incentivar os estudantes a aprenderem de forma autônoma e participativa, por meio de problemas e situações reais, realizando tarefas que os estimulem a desenvolver raciocínios envolvidos na atividade laboral (mas não necessariamente presentes na prescrição teórica (Pastré, 2011), a terem iniciativa, a debaterem e a agirem, tornando- se protagonistas na construção de conhecimento.
Apesar de parecer algo novo, as metodologias ativas de aprendizagem surgem na Educação Básica com a Escola Nova, entre o final do século XIX e início do século XX, na Inglaterra, tendo como objetivo principal a superação do tradicionalismo nas escolas.
De acordo com Beck (2018), uma metodologia ativa é baseada em alguns princípios, como a personalização da aprendizagem, a realização de desafios com problemas reais e atividades que tenham sentido para aqueles que participam.
Podemos traçar paralelos entre estes e a educação problematizadora de Paulo Freire (2013), partindo da realidade de alunos pensantes, visto que para ele a vivência dos estudantes é a fonte primária na construção do currículo.
Nos últimos anos, as metodologias ativas vêm se apresentando como uma forma mais dinâmica de abordar o ensino aprendizagem e de superar algumas limitações dos meios tradicionais de ensino.
Neste sentido de estudo da metodologia ativa, o Aprender Fazendo, defendido por Dewey, está intimamente relacionado ao autodesenvolvimento. Para ele, as técnicas envolvem o ensino e aprendizagem através de atividades experimentais.
Com o processo Learning By Doing, os colaboradores constroem seus valores, conhecimentos e habilidades a partir de experiências, e a aprendizado é enraizado de forma consciente, enquanto a atividade é desenvolvida, praticada constantemente.
John Dewey defende a educação como um processo de reconstrução e reorganização das experiências adquiridas que irão influenciar as experiências futuras. Desta forma, tudo são experiências e possibilidades na educação pelo movimento do educando na ação.
Essas mudanças afetam diretamente o processo educacional, exigindo que esse não seja algo estático, rígido, mas que tenha atualizações e incorporações de elementos importantes na formação do aluno, de acordo com o ambiente que o cerca (Moran, 2015).
O processo de ensino-aprendizagem envolve as interações entre professores e alunos, de modo que haja um intercâmbio de informações que possibilite que a aprendizagem se desenvolva, mediante as estratégias de ensino adotadas. Desse modo o ensinar e o aprender estão imbricados, pois há umainterdependência entre os conceitos na prática educacional. (Kubo; Batomé, 2001).
Quanto à relação professor - aluno, destacam-se alguns princípios para a boa prática na Educação, entre os quais, registram-se: o encorajamento da interação entre os sujeitos, a cooperação entre os alunos, o fornecimento de feedback , a aprendizagem ativa, e a compreensão das diferentes formas de aprendizagem (Santos, 2001).
As Metodologias ativas são capazes de promover a interação, a criatividade e a autonomia aos alunos, pois envolve a simulação de situações problema “com o objetivo de alcançar e motivar o discente, pois diante do problema, ele se detém, examina, reflete, relaciona a sua história e passa a ressignificar suas descobertas” (Berbel, 2011, p.29).
Estas, são práticas pedagógicas que colocam o aluno como protagonista no processo de aprendizagem. Ao invés de apenas escutar as informações, o aluno é estimulado a participar ativamente na construção do seu conhecimento através de atividades que exigem reflexão, pesquisa, discussões em grupo, resolução de problemas e experimentação. As metodologias ativas incentivam a autonomia, a criatividade e a coletividade entre os estudantes, buscando uma aprendizagem mais significativa e duradoura.
Como a aprendizagem é uma competência conquistada ao longo do tempo,deve ser incentivada precocemente pelas escolas, a fim de que os alunos reconheçam seu papel como responsáveis pela construção do próprio conhecimento.
Rosemar Thies, Ms Educação Profissional.
