Este artigo apresenta uma reflexão sobre a História como campo de conhecimento humano, discutindo seus fundamentos epistemológicos, suas principais correntes teóricas e os autores que consolidaram a disciplina como ciência social. Analisa-se o desenvolvimento da História enquanto ciência, destacando as contribuições de teóricos como Leopold von Ranke, Marc Bloch, Fernand Braudel, Michel Foucault e Peter Burke, entre outros. O texto evidencia como a História se constitui não apenas como estudo do passado, mas como uma construção intelectual crítica que busca compreender as ações humanas no tempo, integrando métodos interdisciplinares e estabelecendo diálogos com outras ciências sociais.
1. Texto e Contexto
INTRODUÇÃO
A História, enquanto conhecimento humano, representa muito mais do que a simples reconstituição de eventos passados e em sala de aula esse conhecimento histórico precisa ser amplificado para que os alunos indaguem o passado olhando para o presente. Segundo a BNCC, espera-se que o estudante trate o conhecimento histórico:
"como uma forma de pensar, entre várias; uma forma de indagar sobre as coisas do passado e do presente, de construir explicações, desvendar significados, compor e decompor interpretações, em movimento contínuo ao longo do tempo e do espaço." (BNCC, 2018).
Historicamente, o campo da História, enquanto disciplina, consolidou-se como parte fundamental da formação do pensamento reflexivo, capaz de integrar diferentes formas de análise – culturais, sociais, políticas e epistemológicas –, servindo à compreensão da realidade e ao autoconhecimento humano.
O desenvolvimento da História como disciplina científica passou por profundas transformações ao longo dos séculos XIX e XX. Desde o historicismo científico de Leopold von Ranke até as renovações propostas pela Escola dos Annales e os questionamentos epistemológicos contemporâneos, a História tem sido constantemente repensada em seus métodos, objetos e propósitos. Este artigo tem como objetivo explorar essas diferentes vertentes teóricas e seus principais representantes, evidenciando como a História se estabeleceu como um campo de conhecimento autônomo e fundamental para a compreensão da experiência humana.
O CONCEITO DE HISTÓRIA COMO CONHECIMENTO
A História representa uma construção intelectual dos seres humanos a partir da investigação sobre o passado registrado, sendo responsável por estudar de forma crítica as relações, instituições, culturas e acontecimentos que moldaram as sociedades. Conforme Marc Bloch (2001), a História é, antes de tudo, uma "ciência dos homens no tempo". Como ele mesmo afirma em resposta à pergunta de seu filho "Papai, então me explica para que serve a história", a disciplina histórica não se limita ao passado, mas busca compreender o ser humano em sua temporalidade.
Bloch (2001) enfatiza que a História não se restringe à acumulação de dados cronológicos, mas envolve análise de fontes, debate de interpretações e articulação entre diferentes campos do saber – desde lógica e filosofia até ciência, sociologia e psicologia –, promovendo uma visão sistêmica do conhecimento humano. Para o historiador francês, a história é "uma ciência em marcha" (BLOCH, 2001, p.21), e ela estaria incompleta se não pudesse ser melhorada, ou seja, Bloch destaca o caráter dinâmico e sempre em construção do conhecimento histórico.
A abordagem interdisciplinar defendida pela Escola dos Annales, da qual Bloch foi cofundador junto com Lucien Febvre em 1929, propôs ir além da visão positivista da história como crônica de acontecimentos, substituindo o tempo breve da história dos acontecimentos pelos processos de longa duração, com o objetivo de tornar inteligíveis a civilização e as mentalidades.
PRINCIPAIS TEÓRICOS DA HISTÓRIA
Leopold von Ranke e o Historicismo Científico
Leopold von Ranke (1795-1886) é considerado um dos "pais fundadores" da historiografia científica moderna. Em sua obra História dos Povos Latinos e Germânicos de 1494 a 1514 (1824), Ranke estabeleceu princípios fundamentais para o método histórico. Sua máxima de que a história deve "mostrar aquilo que realmente aconteceu" (wie es eigentlich gewesen) tornou-se referência para gerações de historiadores.
Ranke defendia o uso rigoroso de fontes primárias oficiais escritas e acreditava que o historiador deveria ser objetivo e isento, isolando o fato histórico sem "contaminá-lo" com interpretações pessoais. Embora sua abordagem tenha sido posteriormente criticada por sua crença na objetividade absoluta e por sua perspectiva eurocêntrica, Ranke influenciou profundamente o desenvolvimento da historiografia e os padrões metodológicos da disciplina histórica.
A Escola dos Annales: Marc Bloch e Lucien Febvre
Marc Bloch (1886-1944) e Lucien Febvre fundaram a revista Annales d'histoire économique et sociale em 1929, inaugurando um movimento historiográfico que revolucionaria os estudos históricos no século XX. A Escola dos Annales propunha-se a expandir o campo da história por diversas áreas, rompendo com a compartimentação das Ciências Sociais e privilegiando métodos pluridisciplinares.
Em sua obra Apologia da História ou O Ofício de Historiador, publicada postumamente em 1949, Bloch (2001) expõe elementos de metodologia de pesquisa em História, apresentando uma visão de história centrada no homem. O autor argumenta que o objeto da História não é o passado em si, mas "os homens no tempo", estabelecendo uma conexão fundamental entre passado e presente.
Bloch (2001) defendia que o historiador não deveria se ater apenas aos documentos escritos, mas trabalhar também com testemunhos não escritos, incluindo fontes arqueológicas, iconográficas e orais. Essa ampliação do conceito de fonte histórica foi fundamental para a renovação metodológica da disciplina.
Fernand Braudel e a Longa Duração
Fernand Braudel (1902-1985), representante da segunda geração da Escola dos Annales, desenvolveu o conceito de "longa duração" em sua tese O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II, publicada em 1949. A obra apresenta uma análise histórica em três níveis temporais: a longa duração da geo-história, o tempo médio das conjunturas econômicas e sociais, e o tempo breve dos acontecimentos políticos.
Braudel propôs uma história quase imóvel que diz respeito a fenômenos extremamente longos, como a evolução das paisagens e a história do homem na sua relação com o meio. Seu modelo da pluralidade dos tempos históricos, formado pelas camadas estrutural, conjuntural e factual, ofereceu uma nova forma de compreender os processos históricos.
Michel Foucault e a Arqueologia do Saber
Michel Foucault (1926-1984), em sua obra A Arqueologia do Saber (1969), promoveu o "método arqueológico", um método analítico que questiona as narrativas históricas tradicionais. Foucault argumenta que os sistemas de pensamento e conhecimento (epistemes ou formações discursivas) são governados por regras que operam sob a consciência de sujeitos individuais e definem um sistema de possibilidades conceituais.
A premissa de Foucault é que a história das ideias depende de continuidades que se decompõem sob análise rigorosa. Ele propõe libertar a história do pensamento do preconceito da continuidade, restituindo aos enunciados o caráter de acontecimento e relacionando-os com acontecimentos de ordem técnica, prática, econômica, social ou política.
Peter Burke e a História Social do Conhecimento
Peter Burke, historiador inglês contemporâneo, é referência no campo da história do conhecimento. Em sua obra Uma História Social do Conhecimento: de Gutenberg a Diderot (2003), Burke concentra-se na análise de grupos e instituições incumbidas de gerar conhecimento, em oposição a uma história intelectual focada apenas em debates científicos e filosóficos.
Burke defende uma abordagem interdisciplinar que estabelece conexão entre sociedade e cultura, dialogando com a sociologia, antropologia social e outros campos de conhecimento. Sua obra demonstra como o conhecimento é criado, difundido, modificado e acumulado por diferentes agentes sociais ao longo da história.
Outras contribuições relevantes
Karl Marx elaborou o materialismo histórico, analisando a História a partir da luta de classes e das estruturas econômicas como motrizes do desenvolvimento social. Sua obra influenciou profundamente a historiografia do século XX, oferecendo uma perspectiva materialista dos processos históricos.
Jörn Rüsen, em Razão Histórica: Teoria da História (2001) investiga os fundamentos do conhecimento histórico-científico e a pretensão de racionalidade do pensamento histórico. Rüsen enfatiza as funções cognitivas, morais e políticas do pensamento histórico, desenvolvendo uma teoria da consciência histórica.
Hayden White, em Meta-história: A Imaginação Histórica do Século XIX (1973), investigou a narrativa e a estrutura literária dos textos históricos, argumentando que as histórias possuem elementos poéticos e retóricos que estruturam a forma como o passado é apresentado.
A INTERDISCIPLINARIDADE NA HISTÓRIA
Um dos avanços mais significativos trazidos pela Escola dos Annales foi a busca pela interdisciplinaridade, abrindo o campo da História para problemáticas e metodologias existentes em outras ciências sociais. Conforme Burke (2011), "o grupo ampliou o território da história abrangendo áreas inesperadas do comportamento humano e a grupos sociais negligenciados pelos historiadores tradicionais".
Com isso, a história aproximou-se da geografia, estatística, demografia, linguística e psicanálise, articulando-se também com a sociologia, arqueologia e antropologia. Essa colaboração interdisciplinar manteve-se por décadas, representando um fenômeno sem precedentes nas ciências sociais.
A interdisciplinaridade permitiu uma renovação nos métodos e nas técnicas do historiador, possibilitando a abertura para novas fontes além dos documentos escritos – como a tradição oral, os vestígios arqueológicos e a iconografia. Esse avanço técnico e metodológico, no entanto, exigiu também uma renovação teórica correspondente, que continua em desenvolvimento nas discussões historiográficas contemporâneas.
EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA
A epistemologia da História trata da natureza, limites e validade do conhecimento histórico, refletindo sobre os métodos, conceitos e critérios usados para analisar o passado. Marc Bloch defendia que a História é uma ciência voltada principalmente à ação do homem no tempo. Correntes mais recentes, influenciadas por autores como Michel Foucault, propõem que a objetividade histórica é também um fenômeno social e moral, e não apenas técnico ou racional.
A questão da objetividade tem sido central nos debates epistemológicos. Enquanto Ranke acreditava na possibilidade de uma história objetiva baseada em fontes documentais rigorosas, autores contemporâneos reconhecem que todo conhecimento histórico é construído a partir de perspectivas específicas, influenciadas pelo contexto social, cultural e político do historiador.
Foucault (1987) demonstrou que os discursos históricos formam domínios autônomas, embora não independentes, regrados e em constante transformação. Essa perspectiva coloca em questão as narrativas lineares e contínuas da história tradicional, propondo uma análise das descontinuidades, rupturas e transformações nos sistemas de pensamento.
VALOR SOCIAL E EDUCATIVO DA HISTÓRIA
O estudo da História desenvolve competências fundamentais para a formação cidadã, como pensamento crítico, contextualização dos fatos e compreensão das tendências do mundo presente. Ao recorrer à memória histórica, permite que sociedades entendam seu passado para interpretar o presente e projetar o futuro, formando cidadãos conscientes e informados.
Bloch (2001) argumenta que a história deve ser acessível não apenas a um conjunto limitado de pensadores, mas a toda a sociedade. O conhecimento histórico, para ele, deve estar ao alcance e compreensão de todos, cumprindo assim sua função social e educativa.
Nesse processo, a história atua como mediadora entre diferentes perspectivas, estimulando a consciência individual e coletiva. Rüsen (2001) enfatiza que a consciência histórica desempenha papel fundamental na orientação prática da vida, permitindo aos indivíduos e sociedades compreenderem sua identidade e seu lugar no tempo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A História como conhecimento humano é um campo dinâmico, multifacetado e indispensável para a compreensão das sociedades humanas, seus desafios e possibilidades. Desde o historicismo científico de Leopold von Ranke até as abordagens contemporâneas de Peter Burke e Michel Foucault, a disciplina histórica tem sido constantemente repensada em seus métodos, objetos e propósitos.
As contribuições da Escola dos Annales, com Marc Bloch e Fernand Braudel, revolucionaram a forma de fazer história, ampliando o conceito de fonte histórica e promovendo a interdisciplinaridade com outras ciências sociais. As reflexões epistemológicas de Michel Foucault questionaram as narrativas tradicionais, propondo novas formas de análise dos discursos e das formações de conhecimento.
A História, portanto, não é apenas a ciência do passado, mas a ciência dos homens no tempo, como defendia Marc Bloch. Seu valor social e educativo reside na capacidade de desenvolver o pensamento crítico, a consciência histórica e a compreensão das transformações sociais, contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar os desafios contemporâneos.
02. Questões de Múltipla Escolha
Questão 1: De acordo com Marc Bloch, em sua obra "Apologia da História ou O Ofício de Historiador", a História deve ser compreendida fundamentalmente como:
a) Uma ciência exata que reconstrói objetivamente os fatos do passado através de documentos oficiais escritos.b) Uma ciência dos homens no tempo, que busca compreender o ser humano em sua temporalidade através de análise crítica.c) Uma disciplina auxiliar da sociologia, destinada a fornecer dados cronológicos para análises sociais contemporâneas.d) Um conjunto de narrativas literárias sobre eventos políticos que marcaram as civilizações ao longo dos séculos.e) Uma técnica de catalogação de documentos históricos para preservação da memória institucional das nações.
Questão 2: A Escola dos Annales, fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre em 1929, promoveu uma significativa renovação nos estudos históricos. Entre as principais contribuições desse movimento historiográfico, destaca-se:
a) O retorno aos métodos positivistas de Leopold von Ranke, privilegiando documentos oficiais do Estado como fontes.b) A restrição do campo histórico aos grandes acontecimentos políticos e às ações de governantes e líderes militares.c) A ampliação do conceito de fonte histórica e a promoção da interdisciplinaridade com outras ciências sociais.d) A defesa da objetividade absoluta do historiador, que deveria manter distanciamento completo de seu objeto de estudo.e) O estabelecimento da história como ciência autônoma, independente de qualquer diálogo com outras áreas do conhecimento.
Questão 3: Fernand Braudel, representante da segunda geração da Escola dos Annales, desenvolveu em sua obra "O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II" o conceito de "longa duração". Esse conceito refere-se a:
a) Um método de análise que privilegia exclusivamente os acontecimentos políticos de curta duração e grande impacto social.b) Uma abordagem historiográfica centrada nas biografias de personalidades que influenciaram períodos extensos da história.c) Um modelo narrativo que estabelece continuidades lineares entre todos os eventos históricos de diferentes civilizações.d) Uma técnica de periodização que divide a história em ciclos regulares de cem anos para facilitar a análise comparativa.e) Um nível temporal que aborda fenômenos extremamente longos, como a evolução das paisagens e a relação homem-meio.
Questão 4: Michel Foucault, em "A Arqueologia do Saber" (1969), propôs o método arqueológico como nova forma de análise histórica. Esse método se caracteriza por:
a) Privilegiar a continuidade narrativa tradicional e as grandes sínteses explicativas dos processos históricos civilizacionais.b) Questionar as narrativas históricas tradicionais, analisando as descontinuidades e transformações nos sistemas de pensamento.c) Defender a objetividade rankeana como único caminho válido para alcançar a verdade histórica dos acontecimentos passados.d) Estabelecer uma história centrada nos grandes personagens e nas decisões políticas que moldaram as nações modernas.e) Retornar aos métodos do historicismo científico do século XIX, valorizando exclusivamente documentos escritos oficiais.
Gabarito Comentado
QUESTÃO 1 - RESPOSTA: B
Justificativa: A alternativa correta é a letra B. Marc Bloch define a História como "ciência dos homens no tempo", expressão que sintetiza sua compreensão da disciplina histórica. Conforme o texto, Bloch enfatiza que "a História não se limita ao passado, mas busca compreender o ser humano em sua temporalidade". Para ele, a História "não se restringe à acumulação de dados cronológicos, mas envolve análise de fontes, debate de interpretações e articulação entre diferentes campos do saber".
QUESTÃO 2 - RESPOSTA: C
Justificativa: A alternativa correta é a letra C. O texto afirma explicitamente que "a Escola dos Annales propunha-se a expandir o campo da história por diversas áreas, rompendo com a compartimentação das Ciências Sociais e privilegiando métodos pluridisciplinares". Além disso, destaca-se que "Bloch defendia que o historiador não deveria se ater apenas aos documentos escritos, mas trabalhar também com testemunhos não escritos, incluindo fontes arqueológicas, iconográficas e orais".
QUESTÃO 3 - RESPOSTA: E
Justificativa: A alternativa correta é a letra C. O texto explicita que Braudel "propôs uma história quase imóvel que diz respeito a fenômenos extremamente longos, como a evolução das paisagens e a história do homem na sua relação com o meio". O conceito de longa duração refere-se precisamente ao "tempo longo da geo-história", um dos três níveis temporais que Braudel desenvolveu em sua análise histórica.
QUESTÃO 4 - RESPOSTA: B
Justificativa: A alternativa correta é a letra B. O texto afirma que "Foucault propõe libertar a história do pensamento do preconceito da continuidade" e que sua perspectiva "coloca em questão as narrativas lineares e contínuas da história tradicional, propondo uma análise das descontinuidades, rupturas e transformações nos sistemas de pensamento". O método arqueológico "questiona as narrativas históricas tradicionais".
03. Dicas para Concurseiros
1. Compare as diferentes correntes historiográficas
Crie um quadro comparativo entre o historicismo de Ranke, a Escola dos Annales (com suas gerações) e as abordagens contemporâneas (Foucault, Burke). Compare: métodos utilizados, conceito de fonte histórica, relação com outras ciências, visão sobre objetividade e principais obras. Essa visualização facilita a compreensão das rupturas e continuidades no pensamento historiográfico e ajuda a identificar as características específicas de cada autor nas questões de concurso.
2. Domine os conceitos-chave de cada autor
Associe cada autor a seus conceitos fundamentais: Marc Bloch ("ciência dos homens no tempo", ampliação das fontes históricas), Fernand Braudel (longa duração, tempo histórico em três níveis), Michel Foucault (método arqueológico, descontinuidades, epistemes), Peter Burke (história social do conhecimento, interdisciplinaridade). Memorize as expressões exatas usadas pelos autores, pois elas frequentemente aparecem literalmente nas questões de concursos, especialmente em provas de história e educação.
3. Contextualize as obras no tempo histórico
Compreenda o contexto de produção das principais obras: quando foram escritas, quais debates historiográficos estavam em curso, a quais correntes anteriores cada autor estava respondendo. Por exemplo: a Escola dos Annales (1929) surge como crítica ao positivismo rankeano; Foucault (década de 1960) questiona as narrativas contínuas. Entender essas relações históricas permite compreender melhor as propostas teóricas e responder questões que pedem análise das transformações na historiografia.
4. Relacione teoria e prática metodológica
Não estude apenas as definições conceituais, mas compreenda as implicações práticas de cada abordagem teórica. Por exemplo: quando Bloch defende fontes não escritas, isso implica trabalhar com arqueologia, iconografia e tradição oral; quando Braudel propõe a longa duração, isso significa analisar estruturas geográficas e climáticas. Essa compreensão prática ajuda a resolver questões que apresentam situações concretas de pesquisa histórica e pedem identificação da abordagem teórica adequada.
REFERÊNCIAS
BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. 1. ed. São Paulo: Edusp, 2016.
BURKE, Peter. Uma História Social do Conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
BURKE, Peter. A escola dos Annales (1929-1989) - 2ª edição: A Revolução Francesa da historiografia. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Traducão de Luiz Felipe Baeta Neves 3.ed. - Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987. Disponível em <https://gambiarre.wordpress.com/wp-content/uploads/2010/09/foucault-a-arqueologia-do-saber.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2025.
IDENTIDADE 85. Historiadores em Perfil: Leopold von Ranke. Disponível em: <https://identidade85.com.br/2022/10/11/historiadores-em-perfil-leopold-von-ranke/>. Acesso em: 26 out. 2025.
RANKE, Leopold von. História dos povos latinos e germânicos (1494–1514). Disponível em <https://antoniofontoura.com.br/site/2018/10/22/historia-das-nacoes-latinas-e-germanicas-1824-de-leopold-von-ranke/>
RÜSEN, Jörn. Razão Histórica: Teoria da História: os fundamentos da ciência histórica. Brasília: Editora UnB, 2001.
WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX. São Paulo: Edusp, 1973.
Como referenciar este texto:
Blog do Lab de Educador. A História como conhecimento humano: fundamentos epistemológicos e teóricos (Concurso para Professor de História). Zevaldo Sousa. Publicado em 20/11/2025. Disponível em <https://blog.labdeeducador.com.br/2025/11/a-historia-como-conhecimento-humano-fundamentos-epistemologicos-e-teoricos.html>. {codeBox}
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